quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Siqueira é o novo governador do Tocantins

Siqueira é o novo governador do Tocantins
O ex-governador Siqueira Campos do PSDB venceu as eleições e volta ao poder depois de oito anos afastado para exercer seu quarto mandato e entrar na história como o líder mais influente da política tocantinense
 
santafedoaraguaiahoje.com.br
Fundador de Palmas ganha disputa em primeiro turno por
apenas 7163 votos de diferença.
 
 O ex-governador José Wilson Siqueira Campos do PSDB venceu as eleições com uma pequena vantagem de 7.163 votos, o que era de se esperar em função da polarização que se manteve durante todo o processo, mas contrariando as últimas pesquisas do Ibope que chegaram a colocar o ex-governador com 11% pontos percentuais na frente do adversário e que gerou enorme desconfiança de manipulação de resultado. Pode-se dizer que o Ibope contribuiu, de forma decisiva, para a vitória de Siqueira. Levou, por assim dizer, ao voto útil.
 
Siqueira volta ao poder depois de oito anos resistindo bravamente na oposição; em alguns momentos, ficou isolado e quase sozinho. Volta para promover uma grande mudança no governo, como tem declarado, o que pode ser para melhor ou para pior. “Minhas primeiras ações são para melhorar a saúde, a educação e cuidar do nosso povo”, disse em suas primeiras palavras depois de eleito. Ele fala de avanço, mas os movimentos populares temem retrocesso. Porque Siqueira gosta de confrontar a sociedade organizada, com seu estilo caudilho de administrar.
 
Siqueira venceu em parte pelos próprios méritos, pelo passado de realizações, pela história e pela obstinação. Mas contando com a ajuda providencial dos veículos da Organização Jaime Câmara, que obstruíram a trajetória de crescimento do candidato governista ao repercutir de forma exaustiva denúncias de cunho eleitoreiro, que foram bem aproveitadas como material de campanha. Também com ajuda dos institutos de pesquisas, que manipularam resultados para influenciar os indecisos e os erros do adversário que acomodou no já ganhou e desperdiçou a chance de consolidar a eleição quando liderava as pesquisas com mais de seis pontos percentuais de diferença.
 
Esta vitória apertada deve ser atribuída indiretamente ao apoio do prefeito Raul Filho (PT) ao senador João Ribeiro (PR), que abriu perspectiva para Siqueira usar as realizações do petista para melhorar o seu desempenho em Palmas. Os deputados Osvaldo Reis, Júnior Coimbra e Eli Borges, que entraram no trem da alegria de Ribeiro, deram também sua parcela de contribuição. Queriam derrotar Gaguim, ao apoiar Ribeiro? Se queriam, conseguiram.
 
O tucano chega ao Palácio Araguaia sem o brilho e a legitimidade dos outros três pleitos anteriores. Vitória é sempre vitória. Mas desta vez, além do resultado apertado, o ex-governador teve que a partir para o jogo baixo que deve ter acertado não apenas o adversário, mas a própria democracia. O governador eleito sujou as mãos ao patrocinar uma campanha de desmoralização do adversário por meio de matérias jornalísticas “plantadas” na imprensa e pesquisas manipuladas. Sem estes expedientes dificilmente teria virado o jogo depois de despencar nas pesquisas, ao confrontar com um concorrente ágil, bem articulado, que venceu os dois debates e que caiu no gosto do povo.
 
Não se pode diminuir a importância da vitória do ex-governador que há oito anos está fora do poder e neste período perdeu pelos menos duas eleições importantes, a de governador em 2006 para Marcelo Miranda e a de Palmas com Marcelo Lélis (PV) para o prefeito Raul Filho (PT). E agora, sozinho ou com ajuda, venceu a eleição. A vitória se torna mais importante quando se leva em conta a estatura do adversário. Gaguim é o governador e isso conta muito num Estado pequeno como o Tocantins.
 
Além disso, o PMDB no interior do Tocantins é quase uma religião. É o partido com maior tradição no Estado e com maior penetração no eleitorado. Nunca foi fácil para Siqueira derrotar esta máquina partidária sempre pronta para a disputa. No balanço geral, Siqueira leva larga vantagem, pois venceu cinco das sete disputas. Desta vez o partido ganhou sangue novo, o jovem líder que se tornou governador do Estado e resolveu sacudir a política do Estado assumindo a ousadia de confrontar com o velho líder.
 
Gaguim fez tudo certo e em pouco tempo conquistou a indicação do partido e atraiu para o governo um volume significativo de adesões de lideranças. Tem prestígio junto ao servidor público e liderou as pesquisas de intenção de voto até às vésperas da eleição e era considerado favorito. É difícil dizer o que realmente decidiu a eleição. As pesquisas manipuladas, a participação da OJC, o jogo duplo de líderes governistas que diziam apoiar Gaguim e João Ribeiro ou se os erros do candidato governista. Talvez um pouco de cada. Eleição é combinação de fatores.
 
Gaguim perdeu a eleição, mas mantém a imagem de vencedor. Foi corajoso, ousado e mostrou que tem prestígio político. Como é jovem está habilitado a outras disputas. Seguramente pode voltar a ocupar o governo do Estado, basta que tenha paciência e determinação para liderar a oposição e acompanhar o que vai acontecer com o Tocantins a partir de 1º de janeiro de 2011. No caso das denúncias, mostrou que não soube escapar dos tentáculos da habilidosa família Siqueira Campos. Porque não há dúvida que as denúncias, eleitoreiras ou não, contribuíram para derrotá-lo. Há o fato de também poderia ter ampliado a aliança, com a conquista, por exemplo, de Moisés Avelino, que bandeou-se para o lado de Siqueira Campos.
 
O certo é que Siqueira está de volta e terá poder absoluto no Tocantins, como teve noutros tempos. O novo ciclo de poder pode durar mais uns 10 anos. Com a vitória, Siqueira conquista também a condição de político mais influente de toda a história do Estado.

Bastidores da acirrada disputa
 
Credibilidade em cheque
 
A Organização Jaime Câmara, que entrou na disputa, pode comemorar a vitória do seu candidato, mas vai levar certo tempo para recuperar a credibilidade que foi arranhada com a divulgação de resultado de pesquisas de forma a beneficiar um candidato. Comenta-se que Siqueira Campos garantiu que vai apoiar Fátima Roriz, executiva do grupo em Palmas, para prefeita de Palmas.
 
Prestígio
 
O deputado federal reeleito Moisés Avelino (PMDB) será o líder mais poderoso do novo governo Siqueira Campos (PSDB). Por uma razão óbvia: Siqueira vai precisar desestruturar o PMDB para de certo modo reduzir a liderança do governador Carlos Gaguim que em pouco tempo virou um fenômeno político e por pouco não o derrotou. Avelino terá a árdua missão de atrair os principais líderes do PMDB para o governo. Papel que no passado foi exercido pelo ex-deputado Brito Miranda e que ajudou a criar o mito do Siqueira imbatível.
 
Marcelo Miranda
 
Eleito senador, depois de enfrentar uma campanha sórdida, Marcelo Miranda sai da eleição com principal candidato a comandar o PMDB no Estado.
 
Em 2014, Miranda deve ser candidato a governador, enfrentando a senadora Kátia Abreu — Siqueira Campos teria feito um acordo para apoiá-la na próxima eleição — ou o senador João Ribeiro. Ou os dois. Líder popular, Miranda sai consagrado do pleito deste ano. É moderado, diplomata e deve ser tornar, a partir de agora, o principal interlocutor do governo federal no Tocantins — isto, é claro, se Dilma Rousseff for eleita presidente da Repúblida.
 
Campeões de votos I
 
O deputado Marcelo Lélis (PV) desponta como campeão de votos para Assembleia Legislativa e reforça suas pretensões para 2012. Terá um concorrente forte, a vice-prefeita Edna Agnolin (PDT), que também sai fortalecida com a eleição do marido Ângelo Agnolin (PDT) para a Câmara dos Deputados entre os mais votados.
 
Campeões de votos II
 
Para a Câmara Federal, o campeão de votos é o presidente da Assembleia Legislativa, Júnior Coimbra (PMDB), seguido de Ângelo Agnolin (PDT), Dorinha Seabra Rezende (DEM) e Eduardo Gomes (PSDB). A previsão é que Gaguim faça cinco deputados federais e Siqueira três.  Duro mesmo é controlar deputados. As adesões sempre acontecem.
 
Os novos representantes do Tocantins na Câmara Federal
 
Coligação Força do Povo
 
Júnior Coimbra (PMDB) — 68.820 
Angelo Agnolin (PDT) — 47.391
Lázaro Botelho (PP) — 41.497
César Halum (PP) — 39.591
Laurez Moreira (PP) — 39.377
 
Coligação Nova União do Tocantins
 
Eduardo Gomes (PSDB) — 49.005
Irajá Abreu (DEM) — 39.268
Professora Dorinha (DEM) — 38.078
 
Os deputados que vão integrar a nova Assembleia Legislativa
 
Sandoval Cardoso (PMDB) — 26.487
Josi Nunes (PMDB) — 24.398
Vilmar do Detran (PMDB) — 18.354
Iderval Silva (PMDB) — 15.731
Eli Borges (PMDB) — 15.633
José Augusto Pugliesi (PMDB) — 15.230
Eduardo do Dertins (PPS) – 23.237
Sargento Aragão (PPS) — 12.994
Manoel Queiroz (PPS) — 12.986
Wanderlei Barbosa (PSB) — 14.432
Solange Duailibe (PT) — 20.550
Amália Santana (PT) — 8.922
Luana Ribeiro (PR) — 25.701
Stalin Bucar (PR) — 10.897
José Bonifácio (PR) — 13.466
Amélio Cayres (PR) — 12.085
José Geraldo (PTB) — 14.190
Raimundo Palito (PP) — 13.682
Freire Júnior (PSDB) — 8.089
Raimundo Moreira (PSDB) — 8.029
Marcelo Lelis (PV) — 24.344
Zé Roberto (PT) — 6.381
Toinho Andrade (DEM) — 11.834
Osires Damaso (DEM) — 10.401

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